Ouve-me, ouve o silêncio. O que te falo nunca é o que te falo, e sim outra coisa.
Capta essa coisa que me escapa e no entanto vivo dela e estou à tona de brilhante escuridão.
Clarice Lispector, Água viva
Entre outubro e novembro de 2020, ministrei a "oficina do silêncio". Um laboratório que explorou os vazios, os silêncio, os espaços brancos ou pretos onde a palavra não é voz, nem ruido, onde as formas são como exalhações... Esta proposta foi um desdobramento da pesquisa desenvolvida no Vila Velha em 2019 no laboratório "Entre o não dito e o não dançado II".
Na oficina do silêncio vivenciamos, atravessamos, mergulhamos, respiramos, atuamos, dançamos silêncios... Formas diferentes, qualides distintas de silêncios.
As inquietações que nortearam nossa caminhada foram múltiplas e heteroêneas. Como promover e multiplicar "proximidades atuantes" na distância que impõem as medidas de cuidado da vida no contexto da Pandemia? De quais formas o movimento, a imagem, o texto poético e o silêncio permitem formas de partilha, de comunhão e de colaboração criativa no contexto das relações mediadas pelas tecnologias da informação? Como sabotar a contaminação sonora, visual, informativa e a aceleração digital que interferem em nossas possibilidades de habitar os silêncios e nos comunicar através deles? Quais são os não-ditos que nos impulsionam na contramão da sociedade do desempenho e da competição? Como "conectar" com esse não-dançado que nos convida a redescobrir os espaços e a vivenciar formas de trançar nossas sensibilidades numa convivência mais poética e integradora com a natureza, as vidas e as culturas de nossos territórios? Como disseminar gestos de cuidado e de escuta em tempos de banalização da violência e do ódio?
Da mesma forma que em Entre o Não dito e o não dançado II discutimos algumas ideias de Byung-Chul Han, dessa vez compartilharemos a leitura de alguns textos do antropólogo David Le Breton.
Como foi uma oficina remota mediada por tecnologias não tenho um registro fotográfico dos trabalhos... Mas posso compartilhar aqui algumas vídeos gravados/as pelos participantes e editados por mim. As trilhas sonoras de (quase todos) estes vídeos selecionados pertencem a: Anderson Ribeiro, Raphael Gouveia e Raissa Araújo.
Como foi uma oficina remota mediada por tecnologias não tenho um registro fotográfico dos trabalhos... Mas posso compartilhar aqui algumas vídeos gravados/as pelos participantes e editados por mim. As trilhas sonoras de (quase todos) estes vídeos selecionados pertencem a: Anderson Ribeiro, Raphael Gouveia e Raissa Araújo.
Estes vídeo são trabalhos inacabados que refletem um processo de pesquisa. Quem quera assistir à apresentação pública/experimento com todos resultados e a discussão sobre a oficina pode acessar aqui, no canal do Teatro Vila Velha de Salvador.